terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

A descoberta do passado - com quase 400 imagens inéditas feitas por filhos e neto do pioneiro da fotografia Marc Ferrez.




São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008


Mostra revela cenas raras da história

Segundo curador, filhos e neto de Ferrez eram amadores, mas fotografavam como profissionais devido a entusiasmo

Registros incluem desmonte do morro do Castelo e abertura do largo da Carioca, no Rio, e vale do Anhangabaú, em São Paulo

Divulgação

Foto de uma ressaca no mar no bairro da Glória, ainda sem o aterro do parque do Flamengo, tirada em 1921 por Luciano Ferrez, filho de Marc Ferrez; mostra entra em cartaz no CCBB do Rio

EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um raro conjunto de fotografias da primeira metade do século 20, feitas pela família Ferrez, estará exposto a partir do dia 25 de fevereiro em todo o segundo andar do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro. São 396 fotos inéditas de Júlio, Luciano e Gilberto, respectivamente filhos e neto de Marc Ferrez, pioneiro da atividade no Brasil. Não há previsão de a mostra vir a São Paulo.
As quase 400 imagens de "Família Ferrez: Novas Revelações" vêm de um universo de 4.000 negativos, descobertos no fim de 2005, quando uma equipe de pesquisadores estava começando um projeto de organização do acervo documental da família Ferrez. Segundo a curadora Julia Peregrino, o material estava acondicionado em sacos ou álbuns, sem identificação, e era apenas para "consumo doméstico".
"Propusemos higienizá-los, digitalizá-los e catalogá-los, terminando o processo com a exposição e a edição de um catálogo. Tudo será incorporado ao acervo da família, que foi doado em 2006 ao Arquivo Nacional", diz Peregrino, que vem tocando a seleção e identificação do material desde meados do ano passado.

Blocos
Cento e setenta imagens estarão expostas nas paredes do CCBB. As demais, em álbuns para o público folhear.
Feitas entre 1912 e 1958, as fotos foram divididas e exibidas em blocos temáticos. O "Nossa Terra" traz imagens feitas pelos Ferrez em viagens pelo Brasil. Em "Outras Terras", aparecem as viagens para o exterior. No bloco "Comentário Social", os curadores apresentam personagens da própria família Ferrez ou pessoas que trabalhavam para eles, uma seção particularmente interessante pelo registro do vestuário de época, da pele de raposa à camisa esfarrapada de um operário.
"Nesse período em que eles atuam ainda não se tem muita gente circulando pelo Brasil, fotografando. Nem mesmo a imprensa. A revista "O Cruzeiro" começou apenas em meados dos anos 40", afirma Pedro Karp Vasquez, também curador da exposição. "Muitas delas foram feitas em 1922, no centenário da Independência do Brasil, que ainda era um país jovem. Os Ferrez eram amadores, mas fotografavam como profissionais, por conta de seu entusiasmo pessoal pelo país."

Rio
Dentro do bloco dedicado ao Brasil estão cenas raras da história do Rio de Janeiro, onde vivia a família, como o desmonte do Morro do Castelo (entre 1921 e 1922), uma ressaca no mar no bairro da Glória (1921), antes de o parque do Flamengo existir, e a abertura do largo da Carioca (também feita entre 1921 e 1922). Já São Paulo aparece em uma fotografia de 1931, do hotel Esplanada, no vale do Anhangabaú.
A mostra terá ainda uma sala com diários de viagens da família, correspondência e álbuns originais. Para Vasquez, a exposição faz um resumo do aperfeiçoamento das técnicas de fotografia em parte do século 20. Os Ferrez começaram com máquinas que exigiam a troca de chassi a cada registro, passaram para os negativos de seis por nove centímetros, até chegarem ao formato de 35 mm.
O curador também destaca as fotos tiradas nas viagens ao exterior. "Quando eles fazem registros em Londres, Paris ou Florença, são imagens raras também porque havia poucos brasileiros fotografando lá. Se viajar era reservado aos poucos, fotografar era aos pouquíssimos", diz Vasquez.

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Ei Pessoal,
Para quem gosta de boas exposições, tá aí uma dica, fotografias dos descendentes de Marc Ferrez.

Abraço à todos,

Alessandro Souza

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