domingo, 31 de maio de 2009

De volta à natureza, em fotos e ação, Sebastião Salgado

31/05/2009

De volta à natureza, em fotos e ação

The New York Times
Jori Finkel
Em Los Angeles
Sebastião Salgado parece um pouco alérgico a Los Angeles. E isso não é só porque o celebrado fotojornalista brasileiro está fungando desde que chegou na cidade. "Nasci num ecossistema tropical. Não estou acostumado a essas plantas", diz ele.

Mas também porque ele apimenta sua descrição da cidade com palavras como estranha e maluca, observando que ficou mesmerizado com o fluxo interminável de automóveis que viu da janela de seu avião ao chegar aqui.

A região metropolitana de Los Angeles é, em todo caso, uma disparidade frustrante em relação às remotas, pouco povoadas e desertas locações por onde ele tem viajado para realizar seu trabalho épico e ecológico em andamento chamado "Gênesis". Famoso por dar uma face humana à pressão política e econômica de países em desenvolvimento, Salgado está fotografando os vestígios mais prístinos de natureza que pode encontrar: áreas do planeta intocadas pelo desenvolvimento moderno.
  • EFE

    Para seu novo projeto "Gênesis", o fotojornalista Sebastião Salgado está montando uma história visual sobre os efeitos do desenvolvimento moderno sobre o ambiente


Ele visitou a tribo seminômade Zo'é, no coração da floresta tropical brasileira e enfrentou trechos desolados do Saara. O próximo destino: dois meses na cadeia montanhosa Brooks, no Alaska, no rastro dos caribus e das ovelhas Dall.

Mas esse tipo de ambientalismo é caro o suficiente para ele ter de voltar para as cidades grandes em busca de apoio. Foi o que o trouxe aqui para três dias de negociações, reuniões e festas. Numa noite ele fez uma apresentação de slides mostrando seu novo trabalho de "Gênesis" para uma platéia lotada no Hammer Museum. Na noite seguinte, ele foi o convidado de honra num jantar para levantar fundos na galeria Peter Fetterman, em Santa Mônica, onde parte de seu novo trabalho está sendo exibido na mostra "África", até 30 de setembro.

Depois disso, ele foi para São Francisco para um jantar beneficente dado por Robin Williams, antes de voltar para Paris, que ele considera sua casa, tanto quanto Vitória, no Brasil.

Isso pode parecer uma agenda de penitência, mas o fotógrafo de 65 anos diz que não se importa e não perde a concentração no trabalho mesmo quando cercado por colecionadores e celebridades que apóiam a arte.

Sentado na galeria Peter Fetterman, com uma foto de zebras na Namíbia pendurada sobre sua cabeça, Salgado comparou seu tempo longe da natureza com o momento de potencial ruptura em que ele tem que trocar o filme em sua câmera, quando ele gosta de fechar os olhos e cantar para não perder a concentração.

"Eu vim aqui para algumas coisas especiais, mas minha cabeça está lá, meu corpo está lá", disse ele com uma expressão absorta e um leve sotaque brasileiro. "Posso dormir num quarto de hotel em Los Angeles, mas na minha cabeça estou sempre editando fotos".

Para "Gênesis", um projeto de oito anos concluído quase pela metade, ele está montando uma história visual sobre os efeitos do desenvolvimento moderno sobre o ambiente. Mas em vez de documentar diretamente os efeitos da poluição ou do aquecimento global, por exemplo, ele está fotografando lugares naturais que ele acredita que de certa forma "escaparam ou se recuperaram" dessas mudanças: paisagens de terra e mar, animais e tribos indígenas que representam um estado anterior, puro - prístino é a palavra favorita - da natureza.

Dessa forma, "Gênesis" é um projeto grandioso e romântico de retorno à natureza, combinando elementos pastoris e sublimes. Salgado também o descreve como um retorno à infância, quando ele cresceu numa fazenda no Vale do Rio Doce, no sudeste do Brasil - que na época tinha 60% de mata atlântica - que sofreu com erosão e desmatamento terríveis. Anos mais tarde, em 1998, ele e sua mulher, Lélia, fundaram o Instituto Terra, com 1.500 acres, para realizar um projeto de reflorestamento ambicioso na região. Sua mulher, que também cuida do design de seus livros e exposições, é a presidente do instituto; ele é o vice-presidente e seu porta-voz mais famoso. Ou, como Ian Parker escreveu na revista "The New Yorker", Salgado é mais do que um fotojornalista, "da mesma forma que Bono é algo mais do que um pop star".

Resumindo, enquanto o Instituto Terra é o braço enraizado de ativismo ambiental local, "Gênesis" é sua contrapartida voltada para as fotos, com uma visão mais global. Desde que empreendeu a série em 2004, visitou cerca de 20 lugares nos cinco continentes.

Ele começou com uma série de fotos das Ilhas Galápagos, que homenageavam os estudos de Darwin por lá. (Salgado disse que o título, "Gênesis", não tem intenção de ser religioso.) "Darwin passou entre 37 e 40 dias lá", disse. "Eu consegui ficar três meses, o que foi sensacional". Ele ficou impressionado de ver com os próprios olhos a seleção natural em espécies como o cormorão, um pássaro que perdeu a capacidade de voar depois de ter sido obrigado a buscar comida debaixo d'água.

No outono passado, Salgado passou dois meses na Etiópia, onde fez uma caminhada de cerca de 800 quilômetros (com 18 mulas de carga e seus donos) desde Lalibela até o Parque Nacional Simien, onde fotografou montanhas, tribos indígenas e espécies raras como um babuíno peludo conhecido como "gelada". "Eu estava viajando naquela região da mesma forma que as pessoas faziam a 3 ou 5.000 anos atrás", disse.

Bem, quase da mesma forma. Ele levava um telefone via satélite, o que o tornou o guia do grupo no que dizia respeito a receber notícias das eleições norte-americanas em novembro. "Quando descobrimos que Obama venceu, todos que estavam guiando as mulas começaram a pular", disse.
Ele chamou a eleição de Obama de "uma vitória para o planeta".

Ele tem um otimismo cauteloso em relação a seu próprio trabalho ambiental.

"Estou 100% certo de que, sozinhas, minhas fotos não fariam nada. Mas como parte de um movimento maior, espero que elas façam a diferença", disse ele. "Não é verdade que o planeta está perdido. Precisamos trabalhar duro para preservá-lo".

Os primeiros projetos de Salgado também foram instigados por uma sensação de urgência. Antes de se tornar um fotógrafo ele fez seu trabalho de doutorado em economia agrícola na Universidade de Paris e trabalhou como economista para a Organização Internacional do Café em Londres. É possível ver essa formação na abrangência e complexidade de suas fotos.

"Trabalhadores", um projeto de sete anos concluído em 1992, trazia imagens de trabalhadores de 26 países, incluindo suas aclamadas fotos dos garimpeiros em Serra Pelada, no Brasil. "Êxodos", um projeto de seis anos fotografado em mais de 40 países e concluído em 1999, focava imigrantes, refugiados e outras populações deslocadas que são financeiramente, e com frequência fisicamente, vulneráveis. (Ambas as séries se tornaram livros.)

Um curador do Getty Museum, Brett Abbot, que está incluindo "Êxodos" em sua mostra de 2010 sobre fotojornalismo narrativo, diz que essa "abordagem épica" é uma das marcas registradas de Salgado: "De todos os fotógrafos que estou olhando, ele foi provavelmente o que escolheu as maiores estruturas conceituais. Ele está sempre olhando para os problemas globais".

Nesse sentido, "Gênesis" não é uma novidade tão grande quanto pode parecer de início.

Mesmo apesar de ele ter recentemente migrado para uma câmera digital para impressões de grande escala, as fotos de Salgado tem uma sensibilidade consistente. Ele ainda faz negativos. E ainda gosta de fotografar seus temas usando contra-luz, enfatizando - ou romantizando, dizem seus críticos - suas formas. Ele ainda trabalha em preto e branco. E seu trabalho ainda culmina em ensaios fotográficos que, através de uma rede de pequenas histórias, revelam algo a respeito de uma espécie inteira. Seu tema fundamental são os sistemas sociais, e agora os ecossistemas.

Seu galerista de longa data, Peter Fetterman, também vê uma linha contínua forte em sua carreira. Apesar de ter inicialmente se surpreendido com o interesse pelas paisagens exuberantes ("Quando eu vi os negativos, achei que talvez estivesse no estúdio errado, ou no arquivo de Ansel Adams"), ele disse que a empatia de Salgado pelas temas é um traço fundamental. "Outros fotojornalistas saem e voltam em um dia", disse Fetterman. "Sebastião vai e vive com seus temas por semanas antes de tirar a primeira foto".

Salgado também enfatiza a continuidade entre seus vários projetos. "Não há diferença entre fotografar um pelicano ou um albatroz e fotografar um ser humano", disse ele. "Você precisa prestar atenção neles, passar tempo com eles, respeitar seu território". Até as paisagens, diz ele, têm sua própria personalidade e retribuem uma certa dose de paciência.

Seu objetivo em "Gênesis" é produzir um total de 32 ensaios visuais, que ele espera exibir em grandes parques públicos assim como em vários museus a partir de 2012. "É o meu sonho mostrar o trabalho no Central Park, não em algum prédio, mas do lado de fora, junto com as árvores", disse ele.

Até agora, o apoio financeiro para o projeto veio de vendas em galerias e acordos de reprodução com revistas como a "Paris Match" na França e a "Visão" em Portugal. Duas fundações de Bay Area - Susie Tompkins Buell's e o Christensen Fund - também emprestaram dinheiro.

Eventualmente, para levantar dinheiro para a publicação, ele planeja lançar uma edição limitada de 20 fotografias em platina. Esta seria a primeira vez para Salgado, que é conhecido por imprimir suas fotos democraticamente, tantas quantas forem requisitadas.

Este é apenas um dos elementos que faz com que "Gênesis" pareça um projeto para a posteridade: a contribuição cuidadosamente planejada e bem intencionada de um fotojornalista veterano para seus filhos, netos e para o mundo como um todo. Mas ele diz que não pensa no projeto como seu último. Apesar de admitir que talvez não tente fazer novamente uma caminhada de 800 quilômetros nas Montanhas Simien, ele diz que não tem planos de se aposentar tão cedo.

"Não conheço nenhum fotógrafo que tenha parado de trabalhar só porque fez 70 anos", disse ele, acrescentando que os fotógrafos tendem a viver por muito tempo. Ele mencionou Henri Cartier-Bresson, que morreu com 95 anos, e Manuel Alvarez Bravo, que viveu até os 100.

"Eu fui à Cidade do México para a celebração do 100º aniversário de Alvarez Bravo", disse. "Ele estava doente, com seus pés dentro de uma banheira de água quente, mas ainda estava com sua câmera. E então ele fotografava os pés".

terça-feira, 26 de maio de 2009

Entrevista Claudio Edinger Fwd: Olha, vê | Alexandre Belém




Olha, vê | Alexandre Belém



Entrevistando…

Posted: 25 May 2009 03:46 AM PDT

QUEM | Claudio Edinger.

ONDE | São Paulo.

PORQUE | A primeira lembrança que tenho de Edinger é do ensaio sobre loucura, feito no Juqueri. Totalmente influenciado pelas fotos de Edinger, em 1995, produzi uma matéria sobre a Tamarineira (hospital psiquiátrico no Recife) para o Jornal do Commercio. Edinger tem um trabalho baseado em grandes ensaios e obras publicadas em livros. Atualmente, "brinca" com a realidade e transmuta cidades e cenários do dia a dia com sua câmera de grande formato.

Foto: Maira Coelho

Currículo fornecido pelo fotógrafo:

Claudio Edinger, autor de 13 livros fotográficos, recebeu duas vêzes o Prêmio Leica de Excelência em 1983 e 1985 pelos seus livros de fotos Chelsea Hotel e Venice Beach. Recebeu o Prêmio Ernst Haas em 1990 pelo seu trabalho fotográfico no asilo do Juqueri. Seu livro sobre o Carnaval recebeu o prêmio Higashikawa do Japão, de melhor fotógrafo estrangeiro em 1999 e a bolsa Vitae em 1993. Suas fotos para a revista Newsweek receberam o prêmio Pictures of The Year em 1996. Seu livro de fotos sobre Habana Vieja foi eleito um dos dez melhores do ano pela revista American Photo, em 1997. Seu trabalho sobre o Rio de Janeiro foi escolhido como um dos melhores do ano pela revista Photo District News. Seu projeto sobre São Paulo recebeu o Prêmio Porto Seguro em 2007. Suas fotografias já foram expostas em várias galerias e museus nacionais e internacionais e foram publicadas nas maiores revistas do mundo.

Site: www.claudioedinger.com

Bom Jesus da Lapa | 2005

Povoado da Passagem | 2005

OLHA, VÊ Como a fotografia entrou na sua vida?

CLAUDIO EDINGER Quando comecei a estudar filosofia no segundo colegial quis saber quem somos, por que estamos aqui e por que tudo isso existe. Ao mesmo tempo, eu lia Tolstoy que dizia, sem saber quem somos, por que estamos aqui a vida é impossível. A fotografia é um ótimo instrumento de conhecimento. Era também uma época muito política e todo mundo tinha muito o que falar - geralmente contra a ditadura militar. A fotografia era a linguagem universal e no fim dos anos sessenta, começo dos anos setenta, ela tomava um rumo, documental/artístico que mexia muito comigo. O tempo passando sem parar causa muita angustia. Poder segurar o tempo nas mãos, no filme, era uma coisa extraordinária demais.

OLHA, VÊ O que lhe chama atenção na fotografia atualmente?

CLAUDIO EDINGER A fotografia vive agora o que a pintura viveu no fim do século 19, começo do século 20. Estamos entrando numa nova era, como a que surgiu na pintura a partir do impressionismo, que acabou dando origem a todas as escolas de pintura contemporânea - expressionista, cubista, moderna, etc. Houve um rompimento com o passado e coisas extraordinárias estão começando a acontecer. Paralelo a isso a arte fotográfica se valorizou muito - no ano passado um trabalho de um fotógrafo alemão, o Andreas Gursky, de 50 e poucos anos, vendeu por 3.4 milhões de dólares. Isso tem favorecido muito a fotografia arte, a foto fine arts, possibilitando pesquisas em várias direções, sem vínculos comerciais, jornalísticos ou com a foto documentária (mas não necessariamente deixando de ser documentária). A fotografia tem se expandido horizontalmente nas direções mais diversas. E isso é só o começo. Também ficou muito mais fácil e barato fazer livros de fotos. Hoje eu faço tudo em casa, coisa que há dez anos atrás era impossível: escaneio e trato as imagens, faço a diagramação, a edição e a direção de arte, tudo no computador. Ficou muito mais fácil. Há também as gráficas de pequenas edições, qualquer um pode ter seu livro publicado. Nem que seja só uma cópia.

OLHA, VÊ Hoje, o que ainda lhe atrai fotografar ou ainda pensa em fazer? Quais são os seus próximos ensaios?

CLAUDIO EDINGER Estou cada vez mais interessados em fotografar tudo à minha volta. Em geral o que me interessa fotografar são as coisas, lugares, pessoas que me cercam, que me dizem respeito e que me ajudam a entender quem somos. Quero muito fotografar a Amazônia com a 4×5. Quero ir pra Shanghai, centro do comércio chinês. Estou fotografando Paris antes do fim do mundo (ou pelo menos fui pra lá pensando nisso), o sertão da Bahia, que é a alma singela, poética e carinhosa do brasileiro. Quero fazer de novo uma série de retratos, talvez de travestis, um projeto chamado Homemulher. Quero fotografar Los Angeles. Uma cidade com 50% de latinos… Cada dia aparecem coisas novas que eu quero fazer e como só tenho feito isso, faço poucos trabalhos comerciais. Tenho conseguido viver de meu trabalho pessoal, um investimento que há trinta anos venho fazendo e que agora começa a dar frutos (financeiros, que pessoais, desde o começo a satisfação de fazer projetos assim sempre foi imensa).

OLHA, VÊ Toda a sua produção é marcada por grandes ensaios. Como você definiria um ensaio fotográfico? O que precisa um trabalho para ser qualificado de ensaio?

CLAUDIO EDINGER Um ensaio é uma oportunidade de nos aprofundarmos num tema que nos diz respeito. O resultado é sempre muito melhor do que fazer uma foto aqui outra ali (se bem que pra muitos isso pode ser o seu ensaio). Comecei fotografando, em 1975, o edifício Martinelli em São Paulo. Era um prédio de luxo que virou uma favela. Um microcosmo de São Paulo, uma analogia perfeita para o que a cidade representava, com todas suas possibilidades, negligência, beleza, estranheza. Um lugar onde morava quem não podia ir para um lugar melhor e também quem havia optado ficar por lá (tinha até bar lá dentro). O fotógrafo aprende muito com o ensaio. Seu melhor trabalho começa a aparecer. Você faz, analisa, volta, faz de novo, pesquisa as várias formas de se fazer fotografia, troca ideias com outros fotógrafos, faz de novo outra vez, e, acima de tudo, consegue se aprofundar e disso vem a maior satisfação de todas: o conhecimento.

OLHA, VÊ O senhor é autor de 13 livros de fotografia. Qual a importância, para a carreira de um fotógrafo, ter a sua obra publicada? Quais são as dificuldades de publicar livro de fotografia no Brasil?

CLAUDIO EDINGER O livro é fundamental para a carreira do fotógrafo. Fica registrado tudo o que ele tem a dizer. E serve pra ele como parâmetro, como medida de sua evolução. Eu olho livros que fiz e aprendo muito com eles. A cada ano, a cada mês, a cada dia, nossa maneira de ver as coisas muda. Com cada livro a gente aprende mais um pouco. E claro, divide com o público essa experiência e conhecimento. O livro mais que qualquer outro meio ensina a todos a ver como vê o fotógrafo e, como dizia o fotógrafo americano Edward Steichen, um dos grandes teóricos da fotografia da primeira metade do século 20, "aprendendo a ver as pessoas aprendem a sentir". Eu não vejo dificuldades em se publicar um livro. A dificuldade é em fazer um ensaio que mereça virar livro. O resto é conseqüência natural. Se o ensaio é bom tá lotado de gente por aí (editoras, patrocinadores) loucos atrás de livros bons pra publicar.

Estação da Luz | 2006

Minhocão | 2006

OLHA, VÊ O seu último livro "São Paulo minha estranha cidade linda" traz imagens de uma grande metrópole. Um tema bem concreto com uma representação quase onírica. O efeito do foco da câmera grande formato nos remete a algo surreal. A fotografia precisa de mais ficção?

CLAUDIO EDINGER A fotografia é só uma linguagem. Pode ser ficção ou não, tanto faz. Cada um tem uma história pra contar e as histórias são infinitas. Se você pegar cem fotógrafos fazendo São Paulo terá cem São Paulos diferentes. A verdade é que nós é que precisamos ver coisas novas. É a guerra contra o óbvio em que todos nós artistas estamos engajados. A fotografia oferece infinitas possibilidades ao artista. Pode ser ficção ou não ficção, o que vale é fazer imagens que obriguem as pessoas a enxergar melhor, a refletir, a se conhecer, a se desenvolver. Somos todos nós muito deficientes: ouvimos mal, falamos mal, respiramos mal, vemos mal. Ou talvez colocado de uma maneira mais positiva, podemos melhorar de uma forma infinita o quanto vemos, ouvimos, falamos. E quanto mais progredimos mais prazer (e dor) temos com isso. Dor por que descobrimos o quanto desconhecemos. O que é um barato, o que me interessa, é conseguir mais conhecimento. A fotografia é um dos melhores instrumentos para isso. São Paulo é uma cidade absolutamente ambígua. Então, pra mim, o foco seletivo é perfeito pra se retratar a cidade. Temos um dos museus mais lindos mundo, o Masp, com uma coleção invejável - que não tem grana pra pagar a conta de luz, cuja obra é roubada por dois vagabundos de rua. Temos a praça Ramos de Azevedo, lindíssimo lugar onde não se pode caminhar à noite porque é perigosa. E assim vai. É uma cidade que virou a rotina de todos, uma cidade que paramos de enxergar. Quando isso acontece a cidade pára de evoluir. O tipo de fotografia que me interessa é a que existe para lembrar as pessoas que a rotina é ridícula, que a acomodação é ridícula, que viver sem tentar entender por que estamos aqui é uma coisa ridícula, que não faz nenhum sentido.

OLHA, VÊ A atual Fotografia Brasileira está se "descolando" daquela fotografia dos anos 1970 e 1980, que se baseava mais no documental e fotojornalismo?

CLAUDIO EDINGER A fotografia mundial está passando por isso. Vivemos um momento revolucionário e os trabalhos que estão aparecendo agora são os melhores trabalhos que, em minha opinião, a fotografia já viu. A Fotografia Brasileira está começando a sair do ovo enquanto Fotografia Brasileira. Até agora não existia uma Fotografia "Brasileira", existiam brasileiros sim, fazendo fotografia. Mas ainda não desenvolvemos uma escola própria, uma linguagem própria facilmente identificada. Na verdade, é difícil mesmo achar que exista uma fotografia alemã, ou japonesa ou americana ou francesa - e estas talvez sejam as escolas mais definidas dentro da fotografia. A fotografia é uma linguagem universal, o esperanto sonhado por alguns. E como linguagem universal ela influencia e é influenciada por todos. Os japoneses são influenciados por americanos, que foram influenciados por franceses, que influenciam os alemães e assim por diante.

OLHA, VÊ Durante os vinte anos vividos em Nova York, você tinha contato com a fotografia feita no Brasil? Como foi a sua volta após duas décadas?

CLAUDIO EDINGER Eu vinha ao Brasil todo ano, passava três meses aqui fotografando e vendo os amigos. A volta foi uma coisa natural. Eu tinha vários livros prontos e a editora DBA aqui queria publicá-los. Conseguimos vários parceiros internacionais e um por um os livros foram saindo. Sabe Deus o que teria acontecido com meus livros se não tivesse voltado. Eu fotografei um escritor no Chelsea Hotel, autor de 34 livros, se não me engano, mas nenhum publicado. Dirigia uma limusine pra ganhar a vida. Eu vivia com medo de acabar assim…

OLHA, VÊ Você trabalha com filme médio e grande formato. Com a tecnologia digital, aquele "tempo/relação" de esperar para ver o filme revelado, as cópias e todo o resto se perdeu. É apenas um saudosismo ou um valor agregado ao produto final?

CLAUDIO EDINGER Valor agregado. A foto digital, pelo menos para o que faço, ainda não chegou lá. Além disso o back 4×5 digital não é full frame. E exige que além de eu andar com o back (que custa uns cem mil reais aqui), eu ande também com um laptop. Minhas fotos são sempre (pelo menos São Paulo e Rio) em áreas de muito risco. Se eu ainda tivesse que me preocupar com mais duas coisas acho que não conseguiria. Mas além disso a qualidade do filme, a textura do filme é linda.

Quanto ao tempo para ver o filme revelado, eu uso muito Polaroids (que hoje são Fuji) e fotografo também com uma digital ou o iPhone para ver como fica. Com a 4×5 faço em média duas, às vezes três, chapas por foto. Isso só é possível por causa do Polaroid e da digital pequena.

Ipanema | 2001

Jardim de Alá | 2001

Paris | 2008

Paris | 2008

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Romeiros de Fé

Posted: 25 May 2009 03:43 AM PDT

Amanhã, o colega Alejandro Zambrana estará com uma exposição em Aracaju que se chama "Romeiros de Fé". É a visão desse fotógrafo sergipano sobre os romeiros de Padre Cícero.

Serviço:
Exposição Romeiros de Fé
Abertura dia 26 de maio às 19h30.
Visitação de 26 de maio a 16 de junho, de 8h às 12h e das 14h às 18h
Galeria Jenner Augusto, na Sociedade Semear - Rua Vila Cristina, 148 - Aracaju - SE

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

2ª Maratona Photo Pirenópolis ANO 2009








Instituto Pireneus tem o prazer de convida-lo para participar da

2ª Maratona Photo Pirenópolis

Acontecerá das 18 horas do dia 30 (sábado) até às 18 horas do 31 (domingo) de maio durante as Cavalhadas de Pirenópolis.
Será uma atividade fotográfica intensa, totalmente envolvida com a arte popular mais original de Goiás,
a Festa do Divino e as Cavalhadas.

Mais informações e inscrições na web: www.maratonaphotopirenopolis.blogspot.com

Realização:



Apoio:

Secretaria Municipal de Cultura






--
Alessandro Souza
(55) 61 8118-7020
http://capturafotografica.blogspot.com
http://alessandrosouza.blogspot.com/
http://picasaweb.google.com/alesssouza
www.olhares.com/alesssouza
http://www.candangofotoclube.com
http://www.flickr.com/photos/alessandrosouza

domingo, 17 de maio de 2009