quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Magnum reconta sua história em 50 imagens

Caixa Cultural exibe trabalhos famosos de Cartier-Bresson, Capa e Elliot Erwitt

Agência fundada em Paris em 1947 ganha exposição até 6 de abril na avenida Paulista; registros vão do cotidiano aos grandes fatos

Henri Cartier-Bresson/Magnum Photos/ Divulgação

"Place de L'Europe. Gare Saint Lazare', fotografia de Cartier-Bresson feita em Paris, em 1932

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com um olho na tradição e outro na renovação, a mítica e mais aclamada agência de fotografias do mundo, a Magnum, tornou-se sexagenária no ano passado. Para comemorar a efeméride foram realizadas 180 exposições por diversos países.
São Paulo recebe a partir de hoje, na Galeria Paulista da Caixa Cultural, uma versão diferenciada desta mostra, com curadoria assinada pelo pesquisador João Kulcsár. Fundada em Paris, em 1947, pelos fotógrafos Henri Cartier-Bresson, Robert Capa, David Seymour e George Rodger, a agência se notabilizou ao priorizar o flagrante, o momento decisivo idealizado por Bresson e a narrativa de forte acento autoral, tanto para retratar os grandes acontecimentos como o cotidiano mais banal observado nas ruas. Tal filosofia deu ao fotojornalismo uma dimensão humanística que ainda lhe faltava e ditou as regras da produção dos repórteres-fotográficos a partir de então.
As 50 fotografias que integram a mostra que chega agora a São Paulo são obviamente insuficientes para abarcar a diversidade do arquivo da agência, que conta com mais de 1 milhão de imagens.
Kulcsár optou por selecionar imagens clássicas, muitas das quais já fazem parte do nosso arquivo de imagens mentais da história, como a fotografia de Stuart Franklin em que um estudante chinês impede a passagem de tanques de guerra na praça Tiananmen, em Pequim, em 1989, ou a célebre imagem de Robert Capa que mostra o desembarque dos soldados americanos na Normandia, em 1944, conhecido como o Dia D, que culminaria com o fim da Segunda Guerra Mundial.
A magia inerente à fotografia, que a faz evocar tempos e espaços distintos do passado para reuni-los no exíguo espaço de uma galeria, permite ao visitante passar em revista, por exemplo, Fidel Castro no poder, o movimento estudantil em maio de 1968 na França, a Guerra do Vietnã, os conflitos em Gaza, o assassinato de John F. Kennedy, a guerra civil da Nicarágua e o ataque em Nova York em 11 de setembro de 2001.
Entre os módulos criados pelo curador, há flagrantes de pequenos gestos e imensa beleza, geralmente colhidos na rua, ao estilo dos "street photographers", sobretudo nos trabalhos de Bresson e Elliot Erwitt, além de retratos de personalidades como Che Guevara, Marilyn Monroe, James Dean e Salvador Dalí.
Para contrapor as imagens de autores e acontecimentos de décadas anteriores, há alguns poucos trabalhos da nova geração de fotógrafos da Magnum, com destaque para o premiado fotodocumentarista italiano Paolo Pellegrin, 44, especializado em zonas de conflito, e o francês Antoine D'Agata, 47, um dos mais vigorosos fotógrafos da atualidade, com obra dedicada aos personagens que trafegam, traficam, se vendem e se drogam nas noites das grandes metrópoles.

MAGNUM 60 ANOS
Quando: abertura hoje, às 19h30 (convidados); de ter. a sáb., das 9h às 21h; dom., das 10h às 21h; até 6/4
Onde: Caixa Cultural - Galeria Paulista (av. Paulista, 2.083, tel. 0/xx/11/3321-4400)
Quanto: entrada franca