terça-feira, 9 de setembro de 2008

Fotógrafo leva "atitude de NY" a Paraty

São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008



Bruce Gilden, da Magnum, participa de evento na cidade fluminense e busca "caras malvados" para retratar no país

CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Sou conhecido por fazer fotos muito de perto. E, quanto mais velho fico, mais perto chego. Tento dizer mais mostrando menos", diz o americano Bruce Gilden, há dez anos na Magnum Photos.
Gilden, 61, é um "street photographer" (fotógrafo de ruas) e trabalha com fotografia há 40 anos. Seu estilo se baseia em captar imagens como são, sem pose ou manipulação do objeto.
A fascinação pelas ruas e seus personagens começou quando era criança e observava, da janela do segundo andar do apartamento onde morava no Brooklyn, em Nova York, o fluxo lá embaixo. "Fui fisgado."
Estudou sociologia, mas, ao assistir a "Depois Daquele Beijo" (1966), filme de Michelangelo Antonioni sobre um fotógrafo e a discussão sobre a percepção da realidade, resolveu se dedicar à fotografia.
Ele mira a grande angular naqueles que chamam a sua atenção nas ruas, seja em Nova York, na Índia, na Irlanda, no Haiti ou no Brasil, onde estará pela primeira vez nesta quinta, dia 11, para ministrar o workshop "Street Smart: Fotografia de Rua", no Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco, que acontece de amanhã a domingo, em Paraty.
"Sempre quis vir ao Brasil", diz o fotógrafo, "para poder concluir meu próximo projeto, um livro com retratos dos "caras malvados", que venho amadurecendo há algum tempo".
Durante a palestra, ele deve mostrar algumas de suas séries de retratos, como os do livro "After the Off" (1999) -uma colaboração com o escritor Dermot Healy que retrata a vida dos freqüentadores de corridas de cavalos na Irlanda.
Bruce Gilden foi premiado na Europa, no Japão e nos Estados Unidos. Tem oito livros publicados com personagens haitianos, japoneses, irlandeses, ciganos, fashionistas e, claro, nova-iorquinos. "Nasci em Nova York e tenho a atitude nova-iorquina que levo para os países em que fotografo, que inspira meu olhar. Sou um fotógrafo provocador por isso."

Lado oeste
Gilden considera NY seu projeto de vida. Lá, caminha com o "radar" ligado -sempre do lado oeste da rua, algo que não sabe explicar-, à procura do próximo retrato.
Para Gilden, fazer uma foto é um processo físico e dinâmico. "Me movimento, ajusto meu corpo para conseguir o melhor ângulo, algo que a idade agora dificulta", diz, com bom humor.
O uso do flash em seu trabalho tem a função de isolar o objeto em primeiro plano. A luz o ajuda a visualizar e definir os sentimentos que tem pela cidade. "A energia, a ansiedade. Minhas imagens falam da condição da sociedade."
O fotógrafo gosta da elegância que a ausência de cor empresta a suas fotos. "Enxergo em preto-e-branco", brinca, "e isso me faz responder a outros estímulos que não a cor. Estou mais ligado a formas, detalhes de uma situação".

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